CABALA: A CHAVE PARA A PERCEPÇÃO DA REALIDADE

A NOSSA REALIDADE

Diante de nós há um quadro pintado pelos nossos cinco sentidos, que conhecemos como "a nossa realidade" ou "o meu mundo". Nós percebemos muitas coisas nesse quadro, mas será que ele é exato? É realmente isso que está acontecendo fora de mim?

Raramente ocorre a qualquer um de nós que esse quadro que percebemos possa estar errado. Por quê? Porque nós realmente não temos idéia do que está acontecendo fora de nós. Nós só conhecemos a nossa própria interpretação, baseada nas informações que captamos com nossos sentidos.

Nós realmente vivemos numa realidade sólida, mas só sentimos uma ínfima parte. Como sabemos que isso é real? Vamos ver como é feita a nossa realidade. Se considerarmos o nosso olho e como ele funciona, descobriremos que a luz não entra de fato na nossa cabeça:

A NOSSA LIMITADA CAPACIDADE DE PERCEPÇÃO

O problema aqui é que a informação transferida é muito limitada. Por qual motivo? A retina só é sensível a um pequeno espectro de luz, chamado "o espectro visível". Se ela fosse sensível a todo o espectro de luz (que chamamos "radiação"), nós seríamos capazes de ver os raios X, ultravioleta, infravermelho, microondas, e veríamos até mesmo as ondas sonoras.

O QUE ESTÁ LÁ FORA?

Então, o que está realmente lá fora? Os outros sentidos funcionam da mesma forma. O problema todo é que nos falta equivalência de forma com uma ampla variedade de informações que permanecem fora de nós. Nós também não sabemos ainda se essa pequena parte que percebemos é exata. Na verdade, nós sabemos que ela não é, senão veríamos esqueletos de pessoas e ouviríamos apitos de cães.

Mas mesmo o quadro que recebemos é impreciso, pois é uma informação filtrada. Ela é filtrada através do que? Ela filtra através de mim, da minha noção de "eu"- do meu ego. E a minha percepção atual do "meu mundo" depende das propriedades do meu ego.

EU NÃO SOU NADA ALÉM DE UM DESEJO DE RECEBER PRAZER

Nós somos feitos de uma maneira muito especial, onde as propriedades do nosso ego são baseadas numa característica geral: o desejo de receber. Em outras palavras, em qualquer circunstância que eu percebo, eu verifico se isso é bom ou ruim, se eu recebo ou não prazer deste evento. Esta propriedade – o desejo de receber - controla tudo em nós, e surge sob duas formas.

  1. Eu recebo com o propósito de receber prazer

  2. Eu dou com o propósito de receber prazer
  3. Dar com o propósito de receber prazer é mais complicado, porque eu sinto como se eu estivesse dando, embora eu ainda esteja recebendo. Vemos exemplos disso em todos os tipos de filantropia, ou numa mãe cuidando de seus filhos. O desejo de receber distorce muito a precisão desse quadro chamado "meu mundo" e esconde o resto da realidade de nós.

    O resultado final desse filtro é que o meu quadro é totalmente impreciso e eu realmente não tenho idéia do que está acontecendo fora de mim. Eu só sei o que os meus sentidos me dizem e como eu me sinto em relação a isso.

    POR QUE EU NÃO CONSIGO VER FORA DE MIM?

    Por que eu não vejo com precisão o que está fora de mim? O que sabemos é que se eu não tiver uma equivalência de forma com a informação que se choca com a minha retina ou tímpano, eu não sinto essa informação. Isto também se aplica à minha natureza, o desejo de receber.

    O que realmente existe fora de mim tem uma propriedade geral singular, assim como eu. Mas essa propriedade é exatamente oposta a minha: é o desejo de doar. Visto que a minha propriedade geral é exatamente oposta à propriedade que existe fora de mim, eu realmente não tenho como sentir de forma precisa o que está realmente lá fora. Ou tenho?

    Se eu puder colocar um dispositivo de transferência, como o tímpano ou a retina, sobre o meu desejo de receber, de modo que este dispositivo de transferência tenha as mesmas propriedades daquilo que está fora de mim, então eu serei capaz de perceber o que está lá fora.

    INTENÇÃO: O DISPOSITIVO PARA PERCEBER UMA REALIDADE COMPLETAMENTE NOVA

    Esse dispositivo de transferência é chamado intenção. Mas intenção de que? É uma intenção de dar, de doar - para submeter as minhas qualidades à equivalência com o que está fora de mim. Isso é algo totalmente estranho para mim, desde o nascimento. Quando eu for capaz de colocar este dispositivo de transferência sobre o meu desejo de receber, uma realidade completamente nova se abrirá. Sentir o que está fora de mim é chamado "sentir a espiritualidade".

    O que é isso? Se considerarmos todos os prazeres que já vivenciamos em nossa vida como um minúsculo grão de areia, dizem que um único momento de sensação da espiritualidade é como uma praia inteira de prazer. Mas como a pessoa desenvolve esse sentido? O processo de desenvolvimento deste órgão sensorial espiritual é simplesmente referido como... Cabala.