A CLÁSSICA SABEDORIA DA CABALA E A EVOLUÇÃO DA URGENTEMENTE NECESSÁRIA CONSCIÊNCIA PLANETÁRIA
Düsseldorf, 24 de março de 2006

  1. Caros amigos!
    A galopante crise global pede solução. Muitos renomados cientistas e filósofos de todo o mundo estudam e pesquisam a crise, embora no presente nós não possamos dizer que conheçamos sua causa, e mais ainda, as ações que precisamos adotar para resolvê-la.
    Hoje não podemos mais negar sua presença; abundam teorias e sugestões relativas tanto à natureza da crise quanto aos meios para sua eliminação. Nesta apresentação, vou tentar descrever o estado presente da humanidade sob a perspectiva da ciência a que dediquei os últimos trinta anos da minha vida – a ciência da Cabala.

  2. Antigamente, o homem estava mais próximo da natureza e mantinha intimidade com ela. Havia duas razões para isto:
    O egoísmo ainda não desenvolvido não distanciava o homem da natureza e fazia com que os humanos se sentissem uma parte integral dela; O conhecimento insuficiente sobre a natureza evocava medo dela, e forçava o homem a vê-la como superior.

  3. Por essas duas razões, o homem aspirava não somente a acumular conhecimento sobre os fenômenos do mundo circundante, mas também a conhecer as forças que governam o mundo. As pessoas não podiam se esconder dos elementos como elas fazem hoje, evitando as forças da natureza em um mundo criado artificialmente. Seus órgãos sensoriais, ainda não distorcidos ou degenerados pela tecnologia contemporânea, eram capazes de sentir o mundo circundante com mais profundidade. O medo da natureza e simultaneamente, a proximidade com ela, obrigavam o homem a descobrir o que a natureza queria dele, se havia algum objetivo, e para quê ela criou os humanos. A humanidade aspirava por entender isto o mais profundamente possível.

  4. Os antigos cientistas compartilharam seus conhecimentos sobre a natureza. Os Cabalistas também compartilharam seus conhecimentos com os cientistas. A Cabala estuda o sistema que governa nosso mundo. Sua principal tarefa é explicar as causas e objetivos da Criação.
    Naturalmente, não estou me referindo àquilo que hoje se vende sob o título ‘Cabala’, que vem obtendo popularidade. A Cabala autêntica é uma ciência séria que pesquisa a estrutura do universo, e que forneceu conhecimento básico para várias outras ciências. Os contatos entre Cabalistas e antigos filósofos deram surgimento à antiga filosofia, que se tornou a origem da ciência. Para honrar os organizadores de nosso simpósio, eu escolhi propositalmente afirmações de cientistas e estudiosos alemães sobre esse tópico.

  5. Johann Reuchlin escreveu em seu livro "De Arte Cabalistica": "Meu professor Pitágoras, o pai da filosofia, tomou seus ensinamentos de Cabalistas... ele foi o primeiro a traduzir a palavra Cabala, desconhecida de seus contemporâneos, para a palavra grega filosofia... a Cabala não nos permite viver nossas vidas no pó, mas eleva nossas mentes à altura do conhecimento". Por muitos séculos, a Cabala permaneceu um ensinamento oculto, uma sabedoria secreta, dando surgimento a várias lendas e falácias sobre ela, que confundem qualquer pessoa contemporânea que tente encontrar as verdadeiras fontes.
    Em particular, o grande matemático e filósofo, Leibnitz, escreveu sobre isso em seu livro "Hauptschriften zur Grundlegung der Philosophie": “Como o homem não tem a chave correta para o segredo, a sede por conhecimento ultimamente foi reduzida a toda espécie de trivialidades e superstições que geraram uma espécie de ‘Cabala vulgar’, que tem pouco em comum com a verdadeira Cabala, assim como várias fantasias sob o falso nome de mágica, e é disso que os livros estão cheios”.

  6. A filosofia assimilou uma parte da Cabala e deu-lhe uma direção diferente. Isso fez nascer as ciências modernas que pesquisam nosso mundo material e suas leis dentro da conjuntura dos fenômenos percebidos por nossos cinco sentidos.
    Enquanto isso, os antigos ensinamentos, incluindo a Cabala, permaneceram fora do escopo de interesses dos pesquisadores. O que quer que a ciência fosse incapaz de compreender, o que quer que permanecesse inatingível para ela, caía no domínio das religiões, rituais e costumes. Os antigos ensinamentos foram gradualmente esquecidos!

  7. Ciência e religião são dois caminhos paralelos que a humanidade seguiu investigando neste mundo, tentando entender o lugar do homem e suas possibilidades e definir o propósito da existência. Porém, ambas as trilhas desviaram a humanidade de atingir a Força Superior Governante, e da correspondência com ela. O homem estudou a natureza não para aprender o que ela deseja dele, e então modificar-se, mas para mudar e conquistar a natureza em prol de seu próprio egoísmo.

  8. Crises em todos os domínios da atividade humana, desde a ciência até os apuros pessoais, apresentaram as eternas questões sobre o significado e o propósito da vida. Nós estamos começando a nos tornar cada vez mais convictos de que não sabemos nada sobre a natureza, a razão de nossa existência, o processo governante e o propósito de nossa existência. Os problemas nos levaram a aceitar a existência da Grande Sabedoria, o Plano Superior na natureza. Como a ciência é incapaz de responder às nossas questões, somos compelidos a procurar uma nova abordagem para a natureza, o que nos leva a procurar a verdade em religião, crenças e misticismo. A crise externa nos conduziu a uma crise interna e nós nos encontramos confusos neste mundo.

  9. O cativante interesse nesses ensinamentos, em explicar nossas vidas não através da pesquisa científica mas sim usando todos os tipos de métodos ‘sobrenaturais’, esteve subjacente pelos últimos 30 anos e agora está murchando diante de nossos olhos. Além de todos os enganos, a humanidade ainda precisa testar, rejeitar e finalmente esquecer os poucos sistemas de crença remanescentes. Estamos em um tempo em que, através do misticismo, a humanidade está redescobrindo as verdadeiras sabedorias antigas. A ciência da Cabala, que vem se revelando nos anos recentes, deve desempenhar um papel-chave nesse processo. A Cabala surgiu por volta de 5.000 anos atrás na Mesopotâmia, o berço da civilização, assim como todos os ensinamentos antigos. Foi aí que a humanidade os redescobriu, antes de esquecê-los até nossos tempos. Agora eles estão sendo redescobertos. Não é por coincidência que onde era a antiga Mesopotâmia, agora esteja o centro do moderno colapso das civilizações.

  10. A evolução do egoísmo humano determina, define e de fato designa toda a história da humanidade. O egoísmo em desenvolvimento pressionou o homem a estudar o ambiente de forma a realizar seus desejos egoístas cada vez mais intensos. Em contraste com a natureza inanimada, vegetativa e animada de nosso mundo, os humanos evoluíram sem cessar, em cada geração, e cada indivíduo, durante sua breve existência. O egoísmo humano evolui através de cinco níveis de intensificação. Antigamente o homem não era egoísta o suficiente para se colocar em oposição à natureza. Ele sentia a natureza e tudo o que o cercava, e a sensação de reciprocidade era seu modo de comunicação com a natureza. Em muitos aspectos era mesmo silenciosa, como na telepatia, em um certo nível espiritual. Esse modo de comunicação ainda pode ser encontrado em populações indígenas. O primeiro nível do crescimento do egoísmo representou uma revolução na espécie humana. Ele criou um desejo de modificar a natureza em prol do homem, em vez de mudar o homem para que ele se tornasse similar à natureza. Metaforicamente, esse desejo é descrito como o desejo de construir uma torre que alcançasse o céu – para dominar a natureza.

  11. O egoísmo aumentado arrancou o homem da natureza. Em vez de corrigir sua crescente oposição à natureza, o homem ousou imaginar que ele poderia atingir o Criador egoisticamente, não através da correção do egoísmo, mas sim dominando todas as coisas. Então o homem colocou seu ‘self’ em contraste com o ambiente, oposto à sociedade e à natureza. Em vez de perceber os outros como afins e próximos, e a natureza como seu lar, os seres humanos deixaram de compreender a natureza e aos outros. O ódio substituiu o amor; as pessoas se distanciaram umas das outras, e a nação única do mundo antigo foi dividida em dois grupos, que se espalhou para o leste e o oeste. Subseqüentemente cada grupo dividiu-se em várias nações e hoje, estamos testemunhando o início da reunião e reconexão em uma única nação outra vez.

  12. A Torah descreve isso alegoricamente (Genesis, 11:1-8 ) do modo seguinte: “E toda a terra tinha uma única linguagem e uma fala. E aconteceu, quando eles foram para o leste, que encontraram uma planície na terra de Shinar; e eles habitaram ali... E disseram: ‘venham, vamos construir uma cidade, e uma torre, com seu topo no céu, e vamos nos dar um nome, para não sermos dispersos pela face de toda a terra’. E o Senhor veio ver a cidade e a torre que as crianças dos homens construíram. E o Senhor disse: ‘Atentem que eles são um povo, e têm todos uma única língua; e foi isto o que eles começaram a fazer; e agora nada será retido por eles, do que eles pretenderam fazer. Vamos descer e confundir sua linguagem, de modo que eles não possam mais entender a fala um do outro’. Assim o Senhor os dispersou daquele lugar pela face de toda a terra; e eles deixaram de construir a cidade”.

  13. Josephus Flavius escreveu que Nimrod pressionou o povo a desafiar o Criador. Ele os aconselhou a construir uma torre mais alta do que as águas pudessem alcançar, caso o Criador enviasse novamente o dilúvio, e assim se vingariam do Criador pela morte de seus ancestrais. Sem economizar zelo ou esforços, eles começaram a construir a torre. Vendo que o povo não se corrigia após a lição do dilúvio, o Criador fez com que eles falassem várias línguas. Eles não entendiam mais uns aos outros e se dispersaram. O lugar em que a torre foi construída hoje é chamado Babilônia, pois este foi o lugar da mistura das línguas, em vez da língua única que havia antes.

  14. No começo do século XX, um arqueólogo alemão, Robert Koldewey, descobriu na Babilônia as ruínas da torre, que media 90x90x90 metros. Adicionalmente, Heródoto (por volta de 484-425 antes da era comum) descreveu a torre como uma sétima pirâmide enfileirada, com a mesma medida. Fontes históricas contam que no centro da Babilônia, havia a cidade-templo de Esagila, e perto dela, o templo da suprema divindade, Marduk, a Torre de Babel. Ela era chamada Etemenanki, que significa a pedra angular do céu e da terra. Naquele tempo, Esagila era o centro religioso do mundo em sua luta contra a religião monoteísta. A astrologia, os signos do zodíaco e horóscopos, a adivinhação, vários misticismos, espiritualismo, mágica, feitiçaria, encantamentos, maus olhados, evocação de espíritos do mal – tudo isso se desenvolveu em Esagila. Essas crenças ainda persistem, e particularmente hoje estamos testemunhando sua irrupção final.

  15. Desde aquele tempo, e durante os últimos 5.000 anos, o homem confrontou a natureza, isto é, o atributo do absoluto altruísmo. Em vez de converter seu sempre crescente egoísmo em altruísmo, em vez da similaridade com a natureza, a humanidade erigiu uma cerca artificial para se proteger da natureza. Para ajudá-la nessa proteção, a humanidade tem desenvolvido ciência e tecnologia pelos últimos 5.000 anos e isto é, de fato, o erguer da Torre de Babel. Então, em vez de nos corrigirmos, nós queremos governar a natureza.

  16. O egoísmo na humanidade tem crescido desde então, e hoje está culminando. A humanidade desiludiu-se de satisfazer o egoísmo através do desenvolvimento social ou tecnológico. Hoje estamos começando a compreender que desde os tempos da crise em Babel, nós trilhamos nosso caminho em vão. Hoje particularmente, enquanto reconhecemos a crise e o ponto sem saída de nosso desenvolvimento, pode-se dizer que o confronto do egoísmo com o Criador é a atual destruição da Torre de Babel. Antes, a torre de Babel foi arruinada pela Força Superior, mas hoje ela está sendo arruinada por nossa própria conscientização, como se fosse arruinada por nós. A humanidade está pronta para admitir que o caminho que escolheu, para compensar sua oposição egoísta à natureza através de tecnologia em vez de converter o egoísmo em altruísmo, levou-nos a um ponto sem saída.

  17. O processo que começou em Babel, de separação em dois grupos que se distanciaram geográfica e culturalmente, está culminando hoje. Pelos últimos 5.000 anos cada grupo evoluiu em uma civilização de muitas pessoas diferentes. Um grupo é o que chamamos a civilização ocidental, e o outro compreende a civilização oriental, incluindo Índia, China e o mundo islâmico. Não é por coincidência que hoje estamos testemunhando um colapso titânico das civilizações, que ameaça a própria sustentabilidade da humanidade. Esse é um dos fatores-chave na crise global. Além disso, esse colapso reflete a culminância do processo que começou com a queda da torre de Babel. Em Babel, a nação única foi dividida porque o egoísmo separou seus membros, e agora está no tempo em que os membros da nação única da humanidade devem reunir-se em um único povo, unido. Hoje nós estamos no ponto de separação que ocorreu no tempo de Babel, porém agora, estamos conscientes de nossa situação. Segundo a sabedoria da Cabala, esse colapso, a crise global, e a emergência do misticismo e superstição, são o começo da reconexão de toda a humanidade em uma civilização nova e unida, similar ao seu estado antes da torre de Babel.

  18. Na época do desconcerto da Babilônia, a Cabala foi descoberta como um conglomerado de conhecimentos sobre a causa e o crescimento estágio por estágio do egoísmo humano. A Cabala estatui que a natureza de tudo o que existe é um desejo egoísta por auto-satisfação. Porém, os desejos egoístas não podem ser satisfeitos em sua forma natural, porque a satisfação de um desejo o anula, e como resultado, ele não é mais sentido. Similarmente, a comida reduz a sensação de fome, e assim, o prazer de comer gradualmente se extingue. Mas como nós somos incapazes de existir sem contentamento, somos forçados a desenvolver constantemente novos desejos, de modo que possamos satisfazê-los. Senão, não haveria prazer. Essa busca sem fim por prazeres constitui nossa vida inteira, embora o próprio prazer seja impossível de atingir. No extremo, o desencantamento e o vazio causam depressão e levam às drogas.

  19. Se a satisfação anula tanto o desejo quanto a satisfação, então será mesmo possível experimentar satisfação duradoura? Antigas sabedorias metaforicamente contam que o homem foi criado como uma única criatura. Isto é, originalmente, todas as pessoas estão conectadas como um único ser humano. E exatamente assim que a natureza se relaciona conosco – como um único ser humano. Esse protótipo coletivo foi chamado ‘Adam’, da palavra Dome (semelhante). Em aramaico, a língua falada na antiga Babilônia, isso significa ‘similar ao Criador’. Originalmente, fomos criados conectados, no interior, como um único indivíduo. Mas como nosso egoísmo cresceu, nós gradualmente perdemos a sensação de unidade e nos tornamos crescentemente distantes uns dos outros. Finalmente, nós chegamos a um ponto de ódio recíproco.

  20. Segundo a sabedoria da Cabala, o plano da natureza é de que o nosso egoísmo cresça até que reconheçamos nossa condição. Hoje a globalização nos mostra que, por um lado, estamos todos conectados e por outro, nosso enormemente externado egoísmo nos aliena uns dos outros. A razão pela qual nós fomos criados inicialmente como uma única criatura, e então separados em indivíduos egoístas, distanciados, destacados, é que este é o único caminho para nós vermos nossa completa oposição ao Criador, e reconhecermos o atributo do absoluto egoísmo que nós possuímos. Nesse estado nós vamos reconhecer sua mesquinhez, sua natureza limitada e sua falta de esperança, e viremos a detestar nossa natureza egoísta, que nos separa uns dos outros e da natureza, e vamos desenvolver o desejo de união, de transformar nossa natureza numa natureza oposta, altruísta. Então vamos encontrar independentemente um caminho para nos transformar em altruístas, e nos reconectarmos com toda a humanidade como um total único, unido.

  21. Assim como células egoístas que se reúnem em um único corpo anulam seus egoísmos individuais em prol da existência do corpo e como resultado, sentem a vida de todo o corpo, assim nós precisamos atingir uma tal conexão entre nós. Então, conforme nosso sucesso na unificação, sentiremos a existência eterna da natureza, em vez de sentirmos nossa existência física atual. O antigo princípio de ‘amar ao próximo como a si mesmo’ nos conclama a fazer isto. Esse princípio esteve em vigor até a construção da Torre de Babel, e foi mais tarde incorporado nos rudimentos de todas as religiões que emergiram da antiga sabedoria babilônica, após a destruição da Torre de Babel e a divisão do povo em nações e estados. Cumprindo essa regra, cada pessoa deixa de ser um egoísta isolado e vazio, e passa a sentir a vida do organismo total, Adam, em similaridade ao Criador. Em outras palavras, nesse estado nós sentimos a eterna, perfeita existência da natureza.

  22. Especialmente agora, o altruísmo tornou-se necessário para a sobrevivência da humanidade. Isso é porque agora está claro que nós todos somos completamente interdependentes. Essa clareza faz surgir uma nova definição de altruísmo: qualquer intenção ou ação que não tenha origem no desejo de ajudar, mas sim na necessidade de conectar a humanidade em um único total, é considerada realmente altruísta. Segundo a sabedoria da Cabala, todas as ações altruístas que não tenham por objetivo unificar toda a humanidade em um único corpo vão se revelar como sem propósito. Adicionalmente, no futuro, tornar-se-á evidente que não precisamos adotar nenhuma ação ou praticar nenhuma correção na sociedade humana, apenas unirmo-nos em um único corpo.

  23. A transformação da atitude de cada um com relação aos outros seres humanos, de egoísta para altruísta, eleva a pessoa à percepção de outro mundo. Nós percebemos o mundo com nossos órgãos sensoriais, e aceitamos o que aparece em nossos sentidos como nossa sensação da vida. A percepção egoísta presente permite-nos sentir somente nossas próprias impressões do ambiente. Corrigir nossa natureza vai nos capacitar a sentir não o que acontece dentro de nós, mas sim o que acontece fora, a completa natureza. Então, percebendo o exterior em vez do interior de nós mesmos, passaremos a perceber todo o mundo circundante, no lugar de um fragmento dele. Ao final, descobriremos que o mundo à nossa volta é uma única força altruísta da natureza. Quando nos unimos a ela, nós sentimos nossa existência do modo como a natureza existe – eterna e perfeita. Nós simpatizamos com essa sensação, ela nos governa, e nesse estado, mesmo quando nosso corpo expira, sentimos a nós mesmos como continuando a existir na eterna natureza. Em tal estado, a vida física e a morte não afetam nossa sensação de existência, porque a percepção interior e egoísta foi substituída por uma percepção exterior, altruísta.

  24. O Livro do Zohar, escrito há aproximados 2.000 anos, diz que perto do fim do século XX a humanidade atingiria seu máximo egoísmo e ao mesmo tempo, seu máximo vazio. O livro diz que nessa época, a humanidade precisará do método de sobrevivência, de satisfação. Então, diz o Livro do Zohar, chegará o tempo de revelar a Cabala para toda a humanidade, como um método de atingir similaridade com a natureza.

  25. Corrigir um ser humano e toda a humanidade, atingir similaridade com a natureza altruísta, não acontece de uma vez, e não simultaneamente para todos. Ao contrário, a correção é possível na extensão em que cada pessoa e toda a humanidade reconheçam a crise global. A correção começa quando a pessoa compreende que sua natureza egoísta é a fonte de todo o mal. Subseqüentemente, ela passa a procurar pelos meios para modificar essa natureza. A procura leva à conclusão de que somente a influência da sociedade pode ajudá-la em sua missão. Isso significa que se a sociedade mudar seus valores e elevar o valor do altruísmo, somente isto levará à correção do homem. Por altruísmo estou me referindo não à ajuda mútua, mas à unificação de toda a humanidade em similaridade ao Criador, como o único valor no mundo.

  26. A sociedade deve elevar a conscientização humana ao nível da compreensão de nossa responsabilidade coletiva. Isto é porque o Criador Se relaciona conosco como uma única, unificada criatura – Adam. O homem tenta atingir seus objetivos egoisticamente, mas hoje a humanidade está descobrindo que precisa resolver seus problemas coletiva e altruisticamente. A gradual exposição do egoísmo vai nos compelir a implementar o antigo método da Cabala, que nós falhamos em implementar na antiga Babilônia.

  27. A fonte de todo o sofrimento que aparece no mundo é a oposição do homem à natureza. Todas as outras partes da natureza, inanimada, vegetativa e animada, seguem os mandamentos da natureza instintiva e definitivamente. Somente o comportamento do homem o coloca em contraste com a natureza inanimada, vegetativa e animada. Como o homem é o ápice da criação da natureza, todas as outras partes da natureza (o inanimado, o vegetativo e o animado) dependem dele. Através da correção do homem, todas as partes da natureza, todo o universo vão atingir seu nível inicial e perfeito, em completa unidade com o Criador.

  28. Segundo o plano do Criador, todo o universo precisa atingir esse estado, e o tempo disponível para a correção é limitado. O Livro do Zohar indica que a correção precisa ser implementada no início do século XXI. Dessa época em diante, a humanidade será forçada a se corrigir por sofrimentos cada vez mais intensos. O reconhecimento do propósito da criação e do método de correção vai nos capacitar a nos aproximarmos do objetivo conscientemente, mais rápido do que de outro modo, o sofrimento nos forçaria a fazer. Então, em vez de sofrer, nós sentiremos satisfação e inspiração mesmo durante o tempo em que ainda percorremos o caminho da correção. Tudo depende de nossos esforços para explicar a causa da crise na sociedade, e o modo para resolvê-la. Precisamos explicar que a crise é necessária para alcançarmos o estado de ser mais belo, eterno e perfeito. Explicar que esse propósito não é uma tarefa simples, mas a crise crescente nos capacita a todos a perceber o processo como necessário e vinculado a um propósito. O que faz nossa época especial é que ao longo da crise crescente, agora está se abrindo uma janela de oportunidade para a mudança. Nós somos capazes, e de fato obrigados a explicar a crise como o estado ótimo para que consigamos criar uma sociedade nova e correta.