A INTELIGÊNCIA ATUANTE
Do livro "Kabbalah for the Student" - Capítulo 9, por Rav Michael Laitman

Toda pessoa é obrigada a alcançar (conquistar) a raiz de sua alma. Isso significa que o objetivo mais almejado por essa criatura é a união (Devekut) com o Criador, como no verso: “Como Ele é misericordioso, tu também serás, etc...”. Os atributos do Criador são chamados de “Sagradas Sefirot”, e essa é a Inteligência Atuante (em ação) que guia o mundo e proporciona Sua abundância e bondade. Ainda assim, precisamos entender porque isto é chamado “União com o Criador”, pois parece mero estudo (das Sefirot).

Eu explicarei isso por meio de uma alegoria: em todos os atos no mundo, a inteligência do seu operador (agente) permanece naquele ato. Assim, numa mesa, podemos alcançar (conquistar) a habilidade e a destreza do carpinteiro em sua arte, seja grande ou pequena. Isso porque, enquanto trabalha, ele constrói conforme a sua inteligência e os atributos desta. Assim, quem examina a ação e pensa na inteligência ali colocada, está unido à inteligência que fez a mesa, ou seja, ambos estão unidos.

Isso porque, na realidade, não existe distância ou divisão entre os seres espirituais, mesmo quando eles estão em corpos distintos. Assim, a inteligência que há neles não pode ser dividida em partes, pois, com que tipo de faca você dividiria o espiritual para que ele permanecesse dividido? Portanto, a principal diferença entre os seres espirituais encontra-se em seus atributos – louvável ou condenável – e suas combinações. Porque uma inteligência que lida com astrologia não pode se unir a outra que lida com ciências naturais.

E inclusive dentro do mesmo conhecimento há muitas combinações. Porque um pode ser mais instruído que o seu colega inclusive na mesma sabedoria, e essa é a única diferença que existe entre os seres espirituais. Mas, quando dois sábios contemplam o mesmo conhecimento e têm o mesmo nível de instrução, então estão de fato unidos, pois, o que há para diferenciá-los?

Portanto, quando alguém contempla o desempenho do seu colega, e alcança (conquista) a inteligência do sábio que a aciona, ambos se encontram no mesmo nível de inteligência e poder. E estão realmente unidos, como alguém que encontra seu amigo no Mercado e o abraça, beija, e ninguém consegue separá-los, devido a sua grande união.

Portanto, de modo geral, este aspecto da inteligência de que falamos, é a força mais parecida que existe entre o Criador e Suas criaturas, considerada o “meio”; ou seja, que Ele infundiu uma centelha dessa força, através da qual tudo retorna a Ele. Como está escrito: “Vós fizestes todos com sabedoria”, ou seja, Ele criou todo o universo com Sua Sabedoria. Assim, aquele que alcança, por merecimento, todas as formas pelas quais Ele criou o universo e sua ordem, certamente se une com Sua Inteligência, que as causou, unindo-se com o Criador.

E este é o segredo da Tora, que consta de todos os Nomes do Criador que pertencem às criaturas. E, por seus méritos, a criatura alcança a Inteligência Daquele que realiza todas as ações. Isso porque o Criador estava olhando na Tora quando criou o mundo. E a criatura se adere permanentemente a essa inteligência, através da iluminação, ao alcançar os meios da Criação, encontrando-se assim unida ao Criador.

Agora, entendemos porque o Criador nos apresenta as ferramentas de Sua arte. Será que precisamos criar mundos? Pelo que dissemos acima, está claro que o Criador nos mostrou Suas Ações para sabermos como nos unirmos a Ele, e este é o significado de “Apega-te a Seus Atributos”.