O PRAZER E A DOR


O prazer e a dor são duas forças responsáveis por gerar nossas vidas. A nossa natureza intrínseca – o desejo de desfrutar – nos força a seguir uma fórmula predeterminada de comportamento: o desejo de receber o máximo prazer com o mínimo de esforço. Consequentemente, somos forçados a escolher o prazer e fugir da dor. Nisso, não há nenhuma diferença entre nós e qualquer outro animal.

A Psicologia reconhece a possibilidade de se alterar as prioridades de uma pessoa. Nós podemos ser instruídos a executar diferentes cálculos de lucratividade. É possível também enaltecer o futuro aos olhos de uma pessoa, de forma que ela concordará em experimentar provações hoje para ter um ganho futuro.

Por exemplo, estamos dispostos a fazer grandes esforços na escola para aprendermos um negócio que nos renderá altos salários ou uma posição respeitável. É tudo uma questão de se calcular a lucratividade. Nós calculamos o quanto de esforço nos trará certa quantia de prováveis prazeres, e se ficarmos com um excedente de prazer, agimos para alcançá-lo. É assim que somos feitos.

A única diferença entre o homem e a besta é que o homem pode esperar por uma meta futura, e concordar em experimentar uma certa quantia de sofrimento e dor em troca de uma recompensa futura. Se examinarmos um indivíduo específico, veremos que todas as ações se originam deste tipo de cálculo, e que ele, na realidade, os executa involuntariamente.

O Condicionamento do Ambiente

Embora o desejo de desfrutar nos force a fugir da dor e escolher o prazer, somos incapazes de escolher até mesmo o tipo de prazer que queremos. Isto porque a decisão sobre o que desfrutar está completamente fora de nossas mãos, sendo afetada pelos desejos dos outros.

Cada pessoa vive dentro de um ambiente único de leis e cultura. Isso não apenas determina as regras de nosso comportamento, mas também afeta nossas atitudes em relação a cada aspecto da vida.

Na verdade, nós não escolhemos o nosso modo de vida, nossos campos de interesse, nossas atividades de lazer, a comida que comemos, ou a roupa da moda que seguimos. Tudo isso é escolhido conforme os caprichos e fantasias da sociedade à nossa volta.

Além disso, não é necessariamente a melhor parte da sociedade que escolhe, mas sim a maior parte. De fato, estamos conectados pelas maneiras e preferências de nossas sociedades, que se tornam nossos modelos de comportamento.

Conquistar o reconhecimento da sociedade é o motivo para tudo que fazemos. Até mesmo quando queremos ser diferentes, fazer algo que ninguém fizera antes ou comprar algo que ninguém tem, ou nos retirarmos da sociedade e nos isolarmos, fazemos isso para ganhar o apreço da sociedade. Pensamentos como: "O que dirão de mim?" e "O que pensarão de mim?", são os fatores mais importantes para nós, embora tendamos a negá-los e suprimí-los. Afinal de contas, admití-los seria como exterminar nossos "egos".

De tudo que foi dito, onde, se houver, encontramos livre escolha? Para responder esta pergunta, devemos primeiro entender nossa própria essência e ver quais elementos nos constituem. Em seu artigo, A Liberdade, escrito em 1933, o Baal HaSulam explica que dentro de cada objeto e pessoa existem quatro fatores que os definem.

Ele conclui o artigo, depois de examinar os quatro fatores, dizendo que a nossa única livre escolha é a escolha do ambiente correto. Se causarmos uma mudança nas condições à nossa volta, e melhoramos o nosso ambiente, mudaremos o efeito do ambiente sobre nossas qualidades mutáveis, e assim determinaremos nosso futuro.

Em todos os níveis da Natureza - inanimado, vegetativo, animado e humano – somente o humano pode escolher de forma consciente um ambiente que defina seus desejos, pensamentos e ações. Conseqüentemente, o processo de correção é baseado na relação do indivíduo com o ambiente. Se nosso ambiente inclui uma base satisfatória para o crescimento, alcançaremos grandes resultados.