PROCURE E DESCUBRA


O que eu estou procurando?

Nós começamos uma caminhada espiritual a partir do desejo, da falta ou carência de algo. O que esse "algo" significa, nós não temos certeza. Simplesmente sabemos que nos falta algo; e nossos fracassos na busca por preencher esta carência, parecem que só a fizeram crescer ainda mais.

Em algum momento, para os mais afortunados entre aqueles que sentem esta carência – a qual não pode ser preenchida com nada deste mundo -, nos encontramos de alguma maneira apanhando um livro, ouvindo uma conferência ou navegando em um site da Web, que descobrimos abordarem esta carência misteriosa.

No princípio, a investigação nesse excesso de informação parece desoladora, sem relação com nossa carência, e, como regra, totalmente confusa. Ainda assim, quem é realmente persistente, aquele cuja carência é maior, continua pesquisando com maior profundidade.

"O que eu faço para escapar de toda essa informação?”

“Por que ela me atrai? O que há nessa informação que me ajudará a preencher esta carência, esta necessidade, onde todas as minhas outras buscam falharam?". Logicamente, a pergunta correta seria: “O que eu realmente estou procurando?".

Uma dica para responder a esta pergunta está oculta dentro de nossas próprias experiências – como as crianças e os pais. Se lembrarmos de quando éramos criança, recordaremos imediatamente dos dias em que nossa única preocupação era com que brincadeira preencheríamos nosso dia.

Talvez um passeio de bicicleta, seguido de um encontro com amigos num parque, e explorando as ferramentas maravilhosas da brincadeira, seria nossa escolha. Ou talvez nossos pais nos levariam a um lugar especial. Que criança não se lembra da sua primeira viagem ao jardim zoológico? Por outro lado, talvez só ficássemos encerrados em casa, brincando com alguns jogos e brinquedos que eles compraram para nós.

Porém, se compararmos os sentimentos que temos destas experiências, com nossos sentimentos de pais vigiando suas crianças nas mesmas situações, ainda que os brinquedos tenham mudado um pouco, a nossa perspectiva é radicalmente diferente. Nós vemos aquela pedalada de bicicleta como um exercício, e um meio de liberar aquela energia reprimida em nossas crianças. Vemos a reunião deles com os amigos no parque como um modo de desenvolverem as habilidades sociais que precisarão mais tarde na vida.

Uma viagem ao jardim zoológico fornece um conhecimento maravilhoso de que há um mundo inteiro ainda inexplorado. E aqueles jogos e brinquedos que eles brincam em casa foram cuidadosamente escolhidos para desenvolver seus processos cognitivos, que proverão vasto benefício quando eles começarem a estudar.

As recordações de nossa própria infância não transmitem nenhuma lembrança do que estava acontecendo nos bastidores em nossos dias recheados de brincadeiras. Nós nem relacionamos essas recordações ao incrível valor de cada uma dessas experiências praticadas durante o nosso próprio desenvolvimento pessoal. Como crianças, nós simplesmente queríamos "nos divertir", brincar e aproveitar - receber prazer.

Se pararmos por um instante e compararmos estas situações que experimentamos, com o que sabemos agora como pais, descobriremos que toda e qualquer experiência que tivemos como criança foi preenchida com o propósito de ajudar a nos conduzir e nos dirigir em direção à vida adulta.

Mas, e se essa mesma situação ocorresse agora quando somos "adultos"? Nós não fazemos hoje exatamente as mesmas que quando crianças? Não estamos buscando meios para agradar a nós mesmos, preencher-nos diariamente com prazeres de todos os tipos? Se olharmos para os sofrimentos que enfrentamos a cada dia, como os mesmos sofrimentos que uma criança enfrenta todos os dias, a busca por meios para desfrutar este ou algum momento futuro, começaremos a perceber que não somos diferentes da criança que éramos anos atrás.

Com a condição de que as fontes de prazer mudaram de um passeio de bicicleta para o desfrutar de uma boa saúde, de brincar no parque com nossos amigos para o desfrutar das vastas escolhas de entretenimento com nossos amigos adultos, de uma viagem ao jardim zoológico para aquelas férias maravilhosas, e daqueles brinquedos e jogos que brincávamos para a nossa instrução que nos ajuda a ganhar a vida como adultos. Certamente, os adultos não se referem a tais assuntos "adultos" no mesmo nível que suas crianças, mas no final do dia, realmente não há nenhuma diferença.

Mas vamos voltar àquela carência de que falamos antes, a que nos fez começar nossa busca e investigação. Se observarmos nossas crianças e o seu desenvolvimento, há outro desejo que começa a se desenvolver. Ele normalmente se manifesta à medida que nossas crianças começam a imitar os adultos em várias ações. O filho do bombeiro poderia vestir os sapatos do seu pai e o chapéu de bombeiro, e brincar como se fosse bombeiro.

A filha do médico poderia ter sua própria maleta de doutor cheia de brinquedos, que lhe permitisse fingir ser como a sua mãe médica. O que está realmente acontecendo aqui é que a criança está começando a descobrir um desejo totalmente novo, o desejo de ser um adulto, de querer crescer.

Exatamente como aquela criança que começa a descobrir estes desejos mais importantes, nós também experimentamos um desejo, uma carência idêntica. Agora, esta carência não pode ser preenchida com nossos brinquedos e jogos habituais, nas versões para adultos, pois os prazeres que eles provocam não preenchem esta carência. Este desejo tem a ver com algo que é tão estranho a nós quanto o desenvolvimento cognitivo de uma criança brincando com brinquedos e jogos dos quais nunca entende o verdadeiro propósito.

Do ponto de vista espiritual, somos todos crianças, brincando com nossos jogos e brinquedos denominados "nossa vida corpórea", totalmente ignorantes de nossos pais espirituais, que estão nos ajudando a nos desenvolver. Mas quando a pessoa começa a sentir esta carência, a qual não estava originalmente presente desde o seu nascimento, uma carência que não pode ser satisfeita com nossos "brinquedos e jogos" de adultos, essa pessoa está começando a descobrir o desejo de se tornar adulta – a espiritualidade.

O que significa isto?

Como crianças, nascemos com um desejo de receber prazer. Isso é tudo o que sabemos. E nós buscamos constantemente meios para satisfazer este desejo. Porém, do nada, surge este novo desejo dentro da criança, o desejo de ser como o papai ou a mamãe, o desejo para querer crescer, ser adulta.

Como adultos, permanecemos dentro desse desejo de receber prazer; e todas as nossas ações são guiadas por isto, até aquele momento quando, tal como uma criança, descobrimos que queremos crescer. Nós recebemos brinquedos e jogos de um pai invisível, um pai espiritual, para ajudar a nos desenvolvermos. Mas, quando descobrimos este desejo de ser como este pai invisível, o que estamos sentindo é um desejo de fazer o que faz este misterioso pai misterioso - outorgar.

Nós descobrimos que para atingir este atributo do nosso "pai espiritual", denominado outorgar, devemos nos tornar um adulto verdadeiro, um adulto espiritual. E então, da mesma maneira que a criança que começa o processo de se tornar um adulto corpóreo, começamos o processo de nos tornarmos um adulto espiritual. O que realmente descobrimos? Descobrimos quem realmente somos, e o verdadeiro propósito para o qual existimos.