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"Cabala Revelada" Episódio 3: Percepção da Realidade

Descrição

Anthony Kosinec explica como nossos cinco sentidos nos impedem de perceber a verdadeira e eterna realidade e como podemos usar o que os Cabalistas descobriram - como ultrapassar nossas limitações e alcançar a completa e eterna percepção da realidade.

Transcrição

Cabala Revelada #2: Percepção da Realidade

 

Palestra feita para o canal de televisão americano, Shalom TV
Anthony Kosinec
Em 19 de junho de 2006



Olá e bem vindo novamente à Cabala Revelada. Eu sou Tony Kosinec.

No nosso primeiro programa, nós mostramos uma visão geral, do que a Cabala trata, o que ela é e o que não é. E se você se lembra para que a Cabala é, é para a pessoa que faz a pergunta "Qual é o significado da minha vida?" Então, vamos ver aonde a gente vai a partir daqui. Vamos começar com uma definição da Cabala e ver qual é essa definição e para onde ela pode nos levar.

Cabala é uma sabedoria, uma ciência que permite ao homem, uma pessoa, sentir e conhecer uma realidade superior. É dessa forma que ela trata o propósito da vida, mas claro que isso traz questionamentos: O que é uma pessoa? O que é um homem? O que é uma realidade superior? E o que é que permite a uma pessoa sentir, conhecer e entrar em uma realidade superior?

Se você se lembrar, nós olhamos para esse diagrama antes, em que nós vimos que nós vivemos nossa existência dentro de uma completa e total realidade, que não depende de nada, que é irrestrita, em que tudo é completamente interconectado e que é preenchida com prazer infinito, conhecimento completo e contato com tudo que existe na realidade. E ainda os Cabalistas nos contam - aqueles que alcançaram esse sistema inteiro - nos contam que para um certo propósito, nós descemos dessa maneira de existência, dessa maneira de ser, através de um sistema chamado "mundos". Mundos são "Olamin", da palavra Hebraica "Olam", que vem da raiz "He'elem", que significa "esconder", "ocultação". Nós descemos dessa completa conexão com a realidade até que atingimos um lugar, um ponto de cruzamento chamado "a barreira", e a nossa existência acontece de uma maneira muito, muito limitada aqui, num lugar chamado "nosso mundo". Nosso mundo é um lugar onde não tem sensação de forma alguma de nenhum desses outros mundos e esses são Mundos Espirituais. Todos esses. Isso é o que é considerado ser o mundo físico ou corporalidade.

Se você quer saber o propósito da vida, o significado da sua vida, seria bom se você soubesse qual é o plano inicial. E parece que isso é uma coisa impossível. É quase uma fonte de piadas que qualquer um possa responder essa questão sobre o significado e propósito da vida, mas é aí onde os Cabalistas começam. Aqueles que conseguiram alcançar essa realidade inteira nos contam que há um plano, um projeto para toda a realidade e para toda a criação. Eles nos contam que o propósito da vida é de criar uma criatura e preencher essa criatura com deleite irrestrito. Esse é o completo e total significado, propósito, direção de tudo que pode acontecer, vai acontecer e só acontece para esse propósito. Nesse pensamento, nessa intenção, nesse pensamento por trás de toda a criação, todas as regras para tudo que iria acontecer, foram estabelecidas. Todas as principais leis que governam os mundos espirituais e físicos, todas estão enraizadas nesse único pensamento. E nada que acontece nesse mundo, acontece por nenhuma outra razão senão pelo motivo de criar a criatura e a trazer essa criatura para o deleite irrestrito.

O que é que mantém uma pessoa fora do Mundo Espiritual? O que é uma pessoa? Bem, nós temos que entender como é nossa percepção dessa realidade; a forma em que nós percebemos realidade, causa uma ocultação para nós.

Isso é uma pessoa. uma caixa fechada com cinco aberturas. Essas cinco aberturas são nossos cinco sentidos. Agora, ao redor da pessoa está uma realidade superior, uma realidade completa, o espiritual, e dessa completa realidade as coisas se aproximam de nós. Isso é o que parece ser uma realidade exterior de alguma coisa não formada, alguma coisa que se aproxima da pessoa e através dos cinco sentidos que possuímos, nós determinamos o que essa coisa é. Em outras palavras, do que a realidade consiste, de acordo com meus sentidos.

Então esse objeto espiritual se aproxima da caixa, mas alguma coisa estranha acontece aqui. Ela na verdade não entra na caixa. A caixa é um sistema fechado, porque ao invés desse objeto entrar, ele atinge uma barreira, um tipo de transdutor, como um tímpano, ou uma retina, ou um nervo na superfície da pele ou numa papila gustativa. Ao invés de pegar a coisa de fora, essa coisa se torna reduzida e é passada através de um programa. Essa coisa aqui. E enquanto ela passa por esse programa, ela é interpretada em alguma coisa que nós possamos entender de acordo com certos princípios dentro do programa. Uma vez que ela passa através disso, ela deixa nossa caixa ou essa máquina, e o que ela produz é nossa realidade.

Ao invés de pegar a coisa de fora, essa coisa se torna reduzida e é passada através de um programa. Essa coisa aqui. E enquanto ela passa por esse programa, ela é interpretada em alguma coisa que nós possamos entender de acordo com certos princípios dentro do programa. Uma vez que ela passa através disso, ela deixa nossa caixa ou essa máquina, e o que ela produz é nossa realidade.

Não importa quão sensível esse sensor seja. Digamos que seja seu olho, ele pode ser o telescópio Hubble, ou você pode ser completamente míope e incapacitado de ver a coisa diretamente em sua frente. Não importa o grau de sensitividade, O que importa é o programa. O que acontece aqui dentro desse sistema subjetivo, na máquina, o que quer que seja que chegue aqui dentro, só pode ser o que o programa diz que isso é. Não o que isso é, mas uma redução que pode ser compreendida pelo programa.

Então, o que é este programa que limita isso? Essa é realidade objetiva. E isso é a porção limitada dela que nós podemos perceber. Esse programa é chamado "egoísmo". É preocupação própria, "O que há nisso para mim?" "Como isso irá me afetar?" Como resultado disso, eu estou preso, a pessoa está presa dentro de uma visão subjetiva de todas essas coisas, somente em relação a como ela sente dentro da caixa. E em nenhum ponto ela tem qualquer sentido do que realmente existe fora da caixa.

Então nós temos um problema, porque cada um dos nossos cinco sentidos opera exatamente sob o mesmo programa. Nem um deles pode nos dizer nada sobre o que existe fora daquele programa. Então, para que possamos saber o que nos circunda, o que a realidade maior é, nós precisamos desenvolver um sentido adicional, que os Cabalistas chamam de "um sexto sentido". Não o sexto sentido da mulher que diz sua sorte, mas um sentido que na verdade possa fazer contato com o que existe fora, que não é limitado por esse tipo de programação.

E para que possamos fazer isso, bem, nós teremos que precisar fazê-lo. Não é possível trabalhar fora, construir alguma coisa fora dessa caixa enquanto estivermos satisfeitos com "O que há nisso para mim?". Mas o Pensamento da Criação construiu nela leis que trazem uma pessoa para esse preenchimento completo. Há uma força motivadora que nos permite chegar ao ponto em que nós precisaremos sair da caixa. E, se nós compreendermos tanto o que somos, o que é a "Vontade de Receber", "O que há nisso para mim?", que nós somos construídos como egoístas, isso é o que na verdade nós precisamos para alcançar esse preenchimento. Não há nada errado com isso. Nós só temos que aprender como usá-lo, como nos aproveitarmos dele, e como aproveitar a força de desenvolvimento que o Pensamento da Criação nos providenciou.

Então, o que é que move coisas na realidade? O que faz coisas acontecerem? Ninguém faz nada nesse mundo, quer seja isso uma coisa interna ou quer seja isso uma coisa espiritual, que está além desse mundo. Tudo o que acontece, acontece somente como resultado de,... bem, vamos olhar pra isso: Você está sentado aí. Você está talvez se mexendo na cadeira, para onde seus olhos estão se movimentando, talvez você tenha pegado alguma coisa para beber. Qualquer movimento em que você está agora envolvido está acontecendo somente como resultado de um cálculo. Que você se tornou inconfortável onde você está, que uma necessidade surgiu em você, apareceu, e você se moveu para uma nova posição, ou uma nova situação que você acreditou traria a você mais prazer que aquela em que você estava antes.

A falta e o preenchimento de prazer e a força do desejo é o que motiva tudo na realidade, e isso irá eventualmente liberar uma pessoa do mundo corpóreo, da nossa percepção do mundo físico, das limitações que nós experimentamos, e o sofrimento que vem junto com elas. E isso irá trazer a pessoa, se usado corretamente, através da barreira e dentro do Mundo Espiritual desse jeito .

Nós todos sentimos desejos e nós sentimos eles mudarem mas nós não prestamos realmente atenção à esse sistema, que é colocado em nós pela natureza, bem o bastante de forma que possamos entender o que ele está fazendo para nós. Nós todos entendemos que nosso primeiro tipo de compreensão do que é o prazer, são apenas prazeres do tipo sobrevivência. Na primeira categoria nós requeremos sexo, comida, e abrigo. Todos os nossos esforços, nosso trabalho, o que percebemos ao nosso redor,o objetivo completo das nossas vidas tem a ver com encontrar e conseguir essas coisas. E isso é um desejo que nós temos em comum com os animais. Isso não requer outras pessoas, nós apenas precisamos disso para sobreviver.

Mas uma vez que tenhamos isso preenchido, nós percebemos que a vida vai muito mais além disso, e que nós não podemos estar satisfeitos com ela, uma segunda categoria de desejos aparece. Esse é um desejo por riqueza. É a acumulação da primeira categoria, de uma forma que eu nunca mais precisarei me preocupar com ela novamente, eu poderei controlá-la, e uma vez que nós preenchamos esse desejo por riqueza, nós chegamos ao sentimento que "É isso tudo o que existe?", alguma coisa a mais cresce em nós. Perceba que não é apenas um outro desejo que está crescendo, mas um desejo maior: um que abranje o que veio antes dele. Em outras palavras, aqui nós temos um desejo pequeno e um preenchimento pequeno. E aqui nós temos um desejo que cresceu, e ele requer um preenchimento maior. E esse aqui é incorporado nesse daqui.

Agora, se eu não posso estar satisfeito com a riqueza, há um novo desejo que surge em mim e esse é um desejo por poder. Isso não acontece apenas para o indivíduo em suas vidas, mas acontece para a humanidade como um todo, através da história. A abrangência da história tem sido a evolução desses desejos. Poder é a habilidade de controlar tanto isso quanto isso, todos os sistemas que me trarão a maior coleção daquilo. Agora, esse é poder político, esse é o império, isso é o controle no meu trabalho. Uma vez que eu tenha isso, eu não mais estarei satisfeito com isso. Eu me torno vazio.

Eu sinto uma falta, e um quarto desejo é colocado dentro de mim: Um desejo maior expandido por alguma coisa que abranja todos esses, e isso é conhecimento. Conhecimento é a barreira, em um sentido, do que é que nós definimos como o mundo físico. Esses desejos: um, dois, três e quatro, todos tem a ver com o que percebemos como prazer. Isso é, com o que estamos sendo preenchidos e o que nós queremos. O que irá nos satisfazer.

Bem, conhecimento é ciência, ele é religião, é arte, é o ápice do que nós consideramos ser o que a humanidade pode possivelmente alcançar. Entretanto qualquer pessoa que seriamente se aprofunde nesse desejo bem grande e tenta preenchê-lo, eventualmente descobre que êle também está vazio; que não há respostas na ciência para a real causa das coisas. Isso é porque não há resposta para o propósito, só há respostas mecânicas. E as respostas somente tem a ver com esses desejos. Religião, embora nos dê crenças, não consegue nos dar acesso ao que nós realmente queremos: um conhecimento direto.

E então uma vez que uma pessoa se torne vazia, como resultado de ter isso preenchido, algo muito diferente e muito especial acontece. Um novo desejo surge. Mas esse desejo não é um desejo desse mundo. Esse é um desejo colocado dentro de nosso coração, o qual é a soma de todos os desejos que temos. Tanto para esse mundo quanto para o que está além dele. Um desejo é colocado em nós, de um nível de desenvolvimento completamente diferente: da realidade maior. E o que aparece dentro de nossos corações é um "ponto no coração" que é como os Cabalistas o chamam. Esse ponto é uma parte da realidade maior. Isso é, ele tem um aspecto da espiritualidade de que se esse desejo é preenchido, diferente ddos anteriores, ele cresce continuamente, até que ele preenche toda nossa experiência, toda nossa existência, e pode nos trazer para dentro do Mundo Espiritual.

Então o que é uma realidade superior? Bem, os Cabalistas que alcançaram a totalidade da realidade, nos contam que isso consiste numa qualidade particular. Eles nos contam que nós fomos criados numa fase exatamente oposta à qualidade que existe nos Mundos Superiores, e é por isso que nós não percebemos o que está lá. Parece como se não houvesse nada lá. Nós sabemos, do desenho, do que somos constituídos, do que o homem ou a pessoa ou a criatura consiste, é egoísmo. É isso que existe dentro da caixa.

O que está dentro da caixa é chamado "a vontade de receber". E essa vontade de receber nos faz experimentar existência limitada, nos faz experimentar sofrimento, isolação, e todas as coisas que nós achamos difíceis sobre a vida. E o que existe fora disso, na condição não subjetiva do egoísmo, é uma realidade objetiva que os Cabalistas nos contam ser "a vontade de doar". A vontade de doar é altruísmo incondicional. Em outras palavras, a experiência aqui fora é existência ilimitada, prazer sem limites, e deleite. E ainda, nós não podemos sentir isso porque nós não temos meios de chegar lá. Ou temos?

Há uma qualidade do Mundo Espiritual que difere também em sua qualidade do mundo físico. No mundo físico, o movimento, que nos levará de um lugar a outro é puramente mecânico. Isso é, eu posso pegar dois objetos que são completamente diferentes em suas formas, até mesmo em seu propósito, e eu posso aproximá-los juntos mecanicamente, e eu posso dizer: "Nós temos proximidade aqui!" Mas, no Mundo Espiritual, coisas podem somente ser consideradas como estando próximas sobre condições muito diferentes, porque não há tempo e não há espaço. Não há nada mecânico lá.

Os Cabalistas nos dizem que o Mundo Espiritual é feito somente de estados de sentimentos, de esferas de influência que tem a ver com certos atributos, qualidades: qualidades internas. E que todo movimento na espiritualidade consiste em similaridade ou dissimilaridade entre dois estados de sentimento ou duas qualidades. Em outras palavras, nós podemos ver isso na amizade. Se meu amigo sente um certo deleite em comédia, e eu não me importo com comédia, eu sou somente uma pessoa séria, então não é tão provável que sejamos amigos muito próximos. Se eu odeio comédia, então nós somos considerados como sendo distantes. Mas se eu amo comédia, e eu amo os mesmos comediantes e os mesmos filmes que ele, então a esse respeito do amor por comédia, meu amigo e eu somos estamos próximos nesse sentimento. Em outras palavras, na espiritualidade, se dois atributos, dois sentimentos são similares, eles são considerados como sendo próximos. Se eles são diferentes, eles são considerados como sendo distantes. Mas e isso é a mais bela e mais preciosa coisa para nós, aquilo que pode de fato nos mover do físico para o espiritual. E isso é que se eles tem exatamente as mesmas qualidades, e propósito e intenção, então eles são a mesma coisa. Eles são amarrados, conectados. E é essa lei chamada "a lei da equivalência de forma" que pode nos levar de nosso estado egoísta de separação para termos a habilidade de construir um sentido adicional, que possa sentir o que está fora.

O que nós precisamos fazer é construir dentro de nós uma freqüência similar, uma qualidade similar, um sentido adicional que tenha uma qualidade de doar, dentro dele. Embora nós não somos ainda capazes de perceber isso nessa simplicidade, os Cabalistas nos contam que só há duas coisas que existem na realidade. Há somente o Criador e a criatura.

Tudo o que nós percebemos são simplesmente as qualidades do Criador e as qualidades da criatura. O criador é o mundo superior, e a criatura é o mundo inferior. A qualidade do Criador é a vontade de doar. A qualidade da criatura é a vontade de receber. Isso é tudo o que existe. E sair da caixa significa que o que precisamos fazer é mover em espaço espiritual. E mover em espaço espiritual significa mudar essa qualidade, a vontade de receber, da qualidade da criatura, para a tornar mais e mais similar à qualidade do Criador. A forma com que toda a realidade foi oculta de nós ocorreu pela descida por esses mundos; bem esses mundos são somente feitos de taxas da vontade de receber contra a vontade de doar.

A escada completa, pela qual descemos nesse mundo pode ser escalada simplesmente mudando nossas qualidades internas de recepção, egoísmo, o desejo de receber para mim mesmo, para cada vez maiores taxas da vontade de doar ao invés da vontade de receber. Então cada um desses estados, degraus da escada, são taxas cada vez maiores da vontade de doar sobre a vontade de receber. E por esse aumento na similaridade, para poder sentir o que a qualidade de doar realmente é e que significa amar e dar suporte a tudo o que existe e construir essa similaridade em mim mesmo, é com isso que a Cabala lida. É um método de tornar possível sentirmos a vontade de doar e de criar uma similaridade interna à essa qualidade. E isso é o que continuaremos a investigar enquanto nós olhamos as chaves para a sabedoria oculta.

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