Kabbalah.info - Kabbalah Education and Research Institute

"Cabala Revelada" Episódio 9: Não Há Ninguém Além do Criador, Parte 2

 Descrição

Anthony Kosinec continua com o artigo que descreve o caminho da pessoa desde o encobrimento total do Criador até a Sua revelação completa.

Transcrição

Cabala Revelada #9:
Não Há Ninguém Além do Criador, Parte 2

Palestra feita para o canal de televisão americano, Shalom TV
Anthony Kosinec

Olá novamente e bem vindo à Cabala Revelada. Eu sou Tony Kosinec.

Nesta lição nós vamos continuar com o artigo Não Há Ninguém Além do Criador, de Baal HaSulam. Este artigo contém toda a metodologia da Cabala, toda a sabedoria da Cabala está incluída nesse artigo. Até mesmo pegando-o a partir do décimo parágrafo, uma das qualidades dos livros Cabalísticos é que apesar de ser um sistema completo que leva uma pessoa de ponta a ponta a partir do seu ponto inicial na sua vontade de receber, e na sua condição de ocultação do Criador, e revela a completa realidade, o texto fala a uma pessoa não importa onde ela esteja e de qualquer ponto do texto. Então não importa realmente onde você entra, apenas importa que você entre. E entrar significa que você tenta sentir o pensamento do escritor; você tenta se elevar ao nível dele e trazer o seu desejo de conhecer a espiritualidade e colocá-lo no texto, e então você será capaz de sentir a você mesmo e a sua condição, e o texto vai lhe dizer onde você está. Nós estamos começando do parágrafo 10.

A pessoa sempre deve tentar se aproximar do Criador, isto é: tentar fazer com que todos os seus pensamentos se refiram a Ele. Isso quer dizer que mesmo que ela esteja no pior estado, do qual não possa haver uma grande queda, ela não deve abandonar Seu domínio, isto é, não deve pensar que há outra autoridade que o afaste de entrar na santidade, e que tenha o poder de beneficiar ou ferir.

É a isto que a pessoa deve tentar se agarrar: que toda ação que ocorre, todas as coisas positivas que ocorrem e todas as coisas que parecem esconder a sensação do Criador da pessoa, que a enchem de dúvida e a fazem sentir que o caminho para a santidade está bloqueado, que ela deve entender, que o seu pensamento deve firmar-se no Criador e que é apenas o Criador que faz essas ações com ela.

Existe apenas um atuante na realidade. Este é sempre o Criador, não importa o que a nossa dúvida possa falar no nosso ouvido. Não importa o que a vontade de receber possa dizer – que existe algum outro fator, algo na pessoa, algo no seu ambiente, alguma força trabalhando contra o Criador que está causando o problema, a pessoa nunca deve deixar o domínio de apegar-se ao Criador ou ao objetivo do por que dela procurar ligar-se ao Criador e ouvir o sussurro da vontade de receber. A dúvida é enviada por um motivo e é enviada pelo Criador.

Portanto a pessoa não deve pensar que é o poder do Outro Lado (Sitra Achra), que não lhe permite praticar boas ações e seguir os caminhos de Deus, mas sim, que tudo isso é determinado pelo Criador.

Como dizia o Baal Shem Tov, aquele que afirmar que há outro poder no mundo, isto é, cascas, está num estado em que "serve a outros deuses", ainda que não pense, necessariamente, em cometer o pecado da heresia; mas se ele pensa que há outra autoridade e força, que não o Criador, desse modo ele está cometendo um pecado.

E esta é a definição de pecado na Cabala. O pensamento, ou seja, a convicção de que há qualquer coisa que não o Criador que está atuando nessa situação, porque a pessoa deve sempre se esforçar para conectar cada evento na vida e as suas próprias sensações ao Criador, que tudo, cada ação está acontecendo como resultado da ação do Criador, e é somente a reação da criatura, a qual é a sua intenção quanto a isso, como isso é avaliado. Isso traz a pessoa para mais perto do objetivo ou para mais longe dele. E essa distância do objetivo, de atribuir tudo isso ao Criador, a proximidade é a aderência ao caminho, e a distância dele é considerado um pecado.

Além disso, aquele que diz que o homem tem sua própria autoridade, ou seja, aquele que diz que ontem ele mesmo não quis seguir os caminhos de Deus, esse também se considera como tendo cometido o pecado de heresia. Isso significa que ele não acredita que somente o Criador conduz o mundo.

Mesmo se uma pessoa pensar que as suas próprias ações, que os seus pensamentos e escolhas são dela mesma, que o que ela sente como próprio dela na verdade se origina dela mesma, é como se a pessoa fosse uma autoridade contra o Criador, o que não é o caso. Até mesmo o desejo de se dirigir ao Criador foi colocado em nós pelo Criador. Assim como a mão esquerda afasta através do envio de dúvidas, também a mão direita desperta a pessoa e dá a ela a sensação de que elas estão escolhendo vir ao Criador. Não se trata da ação; não é se sentimos que estamos sendo rejeitados pela santidade ou se estamos sendo atraídos por ela que é a questão do nosso progresso. A questão toda é entender que a nossa atitude quanto ao que está acontecendo é que será o lugar onde a nossa independência, nossa liberdade e nossa semelhança com o Criador vai aparecer e se desenvolver, não nas ações. E todas essas coisas que consideramos externas e internas são na realidade uma percepção incorreta. Tudo isso são ações do Criador e nós estamos mais ou menos de acordo com elas. Nós de certa forma atribuímos todas essas coisas ao Criador e queremos que seja desse modo, apreciar e retornar esse conhecimento ao Criador.

Quando a pessoa comete um pecado, certamente deve se lamentar por isto e se arrepender por tê-lo cometido, mas aqui também nós devemos colocar a dor e a lástima na ordem correta: aquilo a que ela atribuir a causa do pecado, é nesse ponto que ela deve se arrepender.

A pessoa então deve se arrepender e dizer: "eu cometi esse pecado porque o Criador me lançou abaixo da santidade, em um lugar imundo, no lavatório, onde está a imundície". Isso é o mesmo que dizer que o Criador lhe deu um desejo e um apetite por se divertir e respirar o ar de um lugar mal-cheiroso.

Se a pessoa sentir que ela fez essa escolha sozinha, que ela é má e que ela escolheu não se mover adiante em direção ao Criador, que ela quis satisfazer a sua vontade de receber, ao invés de progredir para o desenvolvimento da vontade de outorgar, que ela estragou tudo, isso também é o pensamento de que ela tem algum tipo de autoridade. A culpa não é da pessoa. Não existe culpa. Não há responsabilidade na ação. A responsabilidade está na intenção, o que não quer dizer que a pessoa sai por aí fazendo ações que sabemos pela sociedade que são ilegais, etc. nós estamos falando sobre um estado interior, nós estamos falando sobre um movimento dentro da pessoa para experimentar algo para si mesma ao invés de manter o desejo de outorgar. Mas o desejo de se mover em qualquer direção é dado pelo Criador. O erro não é da pessoa.

(E também se pode dizer, como está nos livros, que às vezes o homem encarna no corpo de um porco, e então ele recebe um desejo e o apetite por manter-se com coisas que ele já teria decidido que eram lixos, mas agora ele novamente quer se reavivar com elas).

Agora lembre-se, todos os livros Cabalísticos são escritos na linguagem de ramos. “Reencarnar” ou “encarnar” significa usar um desejo particular para identificar-se uma necessidade particular e um prazer particular, ou seja, a sua satisfação, e neste caso, a razão para algo. Portanto, se uma pessoa “encarna no corpo de um porco,” isto quer dizer que este é um estado inferior ao estado de um humano. O desejo é o desejo por auto-realização no mais simples nível de auto-satisfação, e a pessoa já sabe por causa do seu objetivo, pois o objetivo está acima do nível de desejos animais; ele é um desejo humano. O que a pessoa está tentando fazer é desenvolver uma alma, que é o nível humano de espiritualidade. Contudo, ela se encontra tirando sustento de algo que ela já determinou que não é seu objetivo. No entanto, não foi o homem que fez isso: “O Criador me lançou em um lugar imundo.”

Nós não precisamos nos preocupar com esses estados. A única coisa que precisamos fazer é relacioná-los ao Criador. É nisso que está nossa ascensão, é nisso que está o caminho em direção à espiritualidade, e não na exterioridade.

E também, quando a pessoa sente que está em um estado de ascensão, e sente algum prazer no trabalho, ela não deve dizer: "agora eu estou em um estado em que compreendo que é valioso servir a Deus". Ao invés disso, ela deveria saber que agora o Senhor o quis, e por isso a atraiu para Si, o que é a razão pela qual ela sente prazer no trabalho. Ela deve tomar o cuidado de nunca abandonar o domínio da santidade e dizer que há outra força operando, além do Criador.

O despertar é um problema tão grande quanto à queda por causa da satisfação. E o problema que pode acontecer dentro de nós enquanto progredimos – se satisfazer num certo nível e permanecer imóvel nessa satisfação – e perder a conexão como Criador e acreditar que, “bem, agora que eu tive um tipo de ascensão, o meu intelecto está completo,” porque quando uma pessoa estuda Cabala, ela se torna bastante inteligente. Você começa a ver como sistemas funcionam. Você incorpora a inteligência do sistema total em você porque você concorda com ele basicamente. Mas isso não te dá nenhuma vantagem sobre ninguém. Você não pode progredir no trabalho Cabalístico ou no trabalho em direção à espiritualidade com nenhum talento especial. Nenhum talento especial é requerido. O homem mais simples com a atitude correta pode alcançar os níveis mais altos. A idéia de que agora você entende alguma coisa por causa de um despertar é “adorar outros deuses,” é acreditar em outra força que não o Criador.

Sempre que há um despertar, não é porque você fez alguma coisa; é porque houve uma ação do Criador, a mão direita do Criador, atraindo a pessoa adiante.

(Mas isso significa que a questão de encontrar favor aos olhos do Senhor, ou o oposto, não depende do homem, mas sim, que tudo depende de Deus. E o homem, com sua mente superficial, não consegue compreender porque o Senhor agora gosta dele e após, não gostará).

Na verdade esse é o problema, porque nossa percepção de bem e mal, e as razões das coisas, de acordo com a nossa vontade de receber, a qual realmente constitui nossa mente, esconde de nós o real significado por trás de uma ação, ou seja, o Pensamento e o Amor do Criador e a doação dessa ação através de ambas as mãos esquerda e direita, onde Ele nos afasta e nos aproxima, e usa esse completo sistema de ocultação. O que está oculto de nós é a sua benevolência, o contato com a benevolência. O grau em que percebemos a bondade é que realmente constitui nossa conexão com o Criador. Isso é o que é chamado de “revelação”. A revelação é apenas revelar a qualidade do Criador, que é amor incondicional.

Igualmente quando a pessoa lamenta que o Criador não a traz para perto, ela também deveria ter cuidado para não se queixar por ter sido distanciada do Criador, pois fazendo assim ela se torna um recipiente para seu próprio benefício, e aquele que recebe é separado do Criador.

Então se uma pessoa cai e sente a distância e começa a dizer, “Eu não vou conseguir; isso não é bom pra mim; isso não está dando certo pra mim,” isso também é um distanciamento do empenho em alcançar a vontade de outorgar. Isso separa a pessoa do Criador. Esse é o ato principal pelo qual a criatura foi separada do Criador em primeiro lugar. A vontade de receber nos coloca na forma oposta, para que não possamos nunca alcançar a união através de pensamentos de que estou tendo um problema aqui em relação ao Criador.

Ao invés disso, ela deveria lamentar o exílio da Presença Divina, isto é, por infligir tristeza à Presença divina.

A pessoa deveria tomar como exemplo a ocasião em que algum pequeno órgão está dolorido. A dor é sentida principalmente no coração e na mente, que são a generalidade do homem. E certamente a sensação de um simples órgão não se assemelha à sensação da completa estatura da pessoa, onde a maior parte da dor é sentida.

Igualmente é a dor que a pessoa sente quando ela é distanciada do Senhor, já que o homem é apenas um órgão da Presença Divina, pois a Presença Divina é a alma de Israel em geral. Assim a sensação de um simples órgão não se assemelha à sensação da dor em geral. Isso significa que a Presença Divina lamenta que haja partes dela mesma que estejam distanciadas, e que ela não pode ajudar.

(E esse pode ser o significado das palavras: "quando o homem lamenta, a Presença Divina diz: isto está mais leve que a minha cabeça"). E se o homem não relaciona a ele mesmo a tristeza de estar distanciado de Deus, ele é salvo de cair na armadilha do desejo de receber para si mesmo, que é a separação da santidade.

Existe uma alma coletiva, a alma geral de Israel como um todo. Adam ha Rishon, a alma original, a única criatura e a dor da separação, é sentida por toda a criação (que é a alma geral em relação ao Criador). Essa dor é sentida como sofrimento em todos os níveis da criação. Não é só a própria pessoa que está sofrendo. O coletivo como um todo, que se chama “Shechina,” a Presença Divina, a alma coletiva, sente em cada parte dela a nossa falta de interesse pelo todo, que a nossa percepção e qualquer trabalho nosso poderia ser como um órgão num corpo que funcionaria na sua melhor habilidade e consideraria somente a saúde e o bem estar do sistema inteiro. Se pudermos sentir nossa tristeza e separação por causa da tristeza e da separação do todo que não pode sentir-se como um todo, então não estaremos apenas pensando sobre nós mesmos, e isso nos previne de cometer esse erro primário.

O mesmo se aplica quando alguém se sente um tanto mais próximo da santidade. Quando ele está feliz de ter merecido favor aos olhos do Senhor, ele deve dizer que o centro de sua alegria é que agora há alegria na Presença Divina, por ter conseguido trazer seu próprio órgão para mais perto, e não rejeitá-lo.

É o outro lado da moeda.

E o homem se alegra por ter sido dotado com a capacidade de agradar à Presença Divina.

Portanto, a felicidade de uma pessoa, novamente, não é para ela mesma. Apesar de que ela vai sentir o prazer, ela vai sentir a completude, vai sentir a proximidade, isso não vai ser em nome dela mesma. É nisso que precisamos nos esforçar. É isso o que Lishma é. É isso que é cumprir Torah e Mitzvot Lishma (pelo Seu Nome), que não é “para mi mesmo”, essa é a meta e isso é o que nos é permitido fazer. O meu prazer estará na satisfação da vida como um todo, nela poder ser conectada, reconectada, e então uma pessoa está fazendo uma ação para toda a humanidade, toda a espiritualidade e toda a criação, e toda ação é em nome do todo. Esta é a meta. E por isso, você tem exatamente a mesma atitude que o Criador quanto a ela, e isso é uma maior semelhança de forma e isso é um nível maior de união.

Todavia, o desejo de receber é necessário, pois é isso o que constitui uma pessoa, e nada existe numa pessoa além do desejo de receber que lhe é atribuído pelo Criador.

Nós somos o desejo de receber. Nós não podemos fugir disso; trata-se de como usamos a vontade de receber. O artigo diz “isso constitui uma pessoa”. Porém, tudo o que não é a criatura ou a vontade de receber, tudo o que não é isso, é o Criador. Tudo é atribuído a ele. Todas as ações, tudo o que sentimos como exterior, essas são ações do Criador guiando a realidade para nos levar à satisfação completa do Pensamento da Criação.

De qualquer forma, o desejo de receber prazer deve ser corrigido para adquirir a forma de doação. Isto quer dizer que o prazer e a alegria, recebidos pela vontade de receber, devem ter a intenção de trazer o contentamento ao Alto, por haver prazer abaixo. Pois esse é o propósito da criação, beneficiar Suas criações. E isso se chama a alegria da Divina Presença no Alto.

Este é o significado de “alegrar” o Criador; este é o significado de alegrar a Shechina.

Por essa razão, o homem deve buscar conselho sobre como ele pode causar contentamento acima. E certamente, se ele recebe prazer, o contentamento será sentido acima. Assim, ele deve ansiar por estar sempre no palácio do Rei, e por ter a capacidade de lidar com os tesouros do Rei.

O que são os tesouros do Rei? Eles são níveis cada vez maiores de vontade de outorgar; essa cada vez maior semelhança de forma, com Aquele que deu início ao sistema inteiro.

E isso certamente causará contentamento acima. Conclui-se que seu inteiro anseio deve ser em prol do Criador.

E assim termina o artigo.

Esse é o sistema inteiro, e nele existe um conselho de como uma pessoa pode lidar com a sua atitude em relação a tudo que acontece na vida, e através disso, ganhar uma percepção da realidade superior. O livro Shamati está cheio de artigos de enorme profundidade e poder, e você pode ler esses artigos muitas e muitas vezes, e cada vez, uma visão e profundidade completamente diferente vai se apresentar para a pessoa, e nós vamos dar uma olhada em alguns dos outros artigos desse livro no decorrer dessa série de lições.

Obrigado por participar, e até a próxima.