A Luta Do Homem - A Força Do Amor Versus A Força Do Amor Próprio

Quando a pessoa chega ao ponto de querer se elevar à doação, sair fora de si mesma, ela enfrenta um grande problema: como saber que não está mentindo para si mesma e está satisfeita em ser uma "alma gentil". Portanto, ela é levada a um grupo cujo objetivo é a doação e a conexão com os demais, em prol da conexão com o Criador. Eles se rejeitam e se odeiam, descobrindo que não podem se unir egoisticamente, mas que precisam se unir em torno do Monte Sinai, em torno desta montanha de ódio.

Essas sensações surgem apenas para as pessoas que têm duas forças opostas: o ego e o ponto no coração. Quando elas querem se conectar com seus pontos no coração, elas sentem a colisão e se desesperam - como conseguiremos nos conectar com os demais? E se não conseguirmos, não perceberemos o objetivo e não revelaremos o Criador? Então, elas começam a compreender que o trabalho sobre o seu desejo de receber deve ser realizado por uma força externa, a força da Luz. Elas começam a solicitar a Luz que Reforma. Isso cria uma sensação que não existe em nosso mundo.

Quando o meu desejo em ser magro e saudável é mais forte que o meu desejo de comer, eu sou o único que decide o que é melhor para mim, e eu escolho entre ambos. Porém, na espiritualidade, nós precisamos da Luz. Nós não preferimos um desejo de receber em detrimento do outro, mas queremos alcançar um estágio onde o nosso desejo de receber não receberá nada, e a recompensa será a doação.

Quando a Luz Superior vem e realiza essa ação por mim, duas forças opostas se moldam e me arrastam para outra direção. Não para mim – em que é melhor ser magro do que satisfeito, mas para duas direções opostas - uma para mim e outra para o Criador. Então, inicia-se uma luta sobre a importância do Criador em contraposição à minha própria importância. Aqui também é a Luz Superior que decide - se rogamos ela age, e nos faz sentir que sair fora de nós mesmos será mais importante do que a força do amor próprio. Então, a força do amor é gradualmente revelada em nós.

Dirigir-Se À Luz Que Reforma Significa Desejar a Conexão Com O Resto Das Almas

Nós precisamos desejar a conexão com os pontos no coração dos nossos amigos, através da Luz que Reforma. Somente então, e não antes, seremos capazes de criar um vaso espiritual e sentir em suas primeiras dez Sefirot os discernimentos descritos nos livros Cabalísticos. Portanto, durante a preparação, nós avançamos gradualmente para conquistarmos alguns atributos, desejos e discernimentos adicionais que ainda não existem em nós, até que começamos a sentir que precisamos da Luz que Reforma. Nós só podemos sentir essa carência se desejarmos nos conectar com o resto das almas. Portanto, nós só precisamos nos dirigir à Luz, pois somente Ela pode corrigir a quebra, que é a separação entre as almas. Se eu não desejo me conectar com o resto das almas, com os demais pontos no coração, então eu não estou dirigido para a Luz que Reforma.

Tudo Ocorre Somente No Desejo

O que significa estar acima do desejo de receber? Significa construir dentro do desejo de receber uma atitude tal, um estilo de trabalho, onde eu quero, acima de tudo, entender o que estou fazendo, familiarizar-me, avaliar, e só então executar uma determinada ação. Assim, eu estou supostamente acima do desejo de receber e construo uma atitude em relação a ele a partir do exterior. Mas esta é apenas uma forma de expressão. Eu nunca me separo do meu desejo de receber; eu só trato a minha questão desta maneira.

O desejo de receber é tudo o que o Criador criou. Toda a sabedoria Cabalística, a criação, a humanidade - tudo está dentro dele. Tudo o que aprendemos se resume em como convivermos com ele, e como resultado desta auto-análise é que nós conheceremos toda a criação – por que o Criador age desta forma e não de outra, como podemos nos asssemelhar a Ele, sermos estimulados por Ele, aprendermos Suas ações a partir Dele, percebermos quão opostos estamos em relação a Ele, e muito mais - e isso é possível porque o desejo de receber em si foi criado pelo Criador. Assim, lentamente, chegamós à unificação com Ele, a adesão, e "Tu Me Cercaste por trás e por diante".

Portanto, devemos lembrar e não esquecer, para compreendermos e sentirmos, que todo o nosso trabalho está no desejo de receber. Portanto, a Cabala não é misticismo, mas uma sabedoria que fala sobre os discernimentos que o desejo de receber atravessa- graus, níveis de Aviut (espessura, aspereza), forças opostas e a correcta integração de ambas. Esta é a mecânica espiritual. Portanto, existem esboços, gráficos e fórmulas que discutem as forças de recepção e doação, e os fenômenos que ocorrem a partir da sua junção.

É verdade que eu atravesso todas essas operações e fico animado e impressionado com elas; então, eu supostamente me afasto dos números e vetores, mas o estudo correto deve sempre conectar ambas as forças. Como um médico, que dá uma injeção ou uma pílula para um paciente, e sabe de antemão o que injetou nele, assim como aquilo que o paciente sentirá agora. É assim que investigamos a nós mesmos.

Portanto, o caminho correto para aquele que está apenas começando a estudar Cabala, é ficar igualmente impressionado com o estudo mental e emocional, de modo que estas duas abordagens - a mente e o coração – se conectarão dentro dele. Por um lado, ele deve ser capaz de sentir, bem como entender, de onde e por que ele sente dessa forma, que tipo de forças ou ações fazem com que ele se sinta dessa maneira, e em que desejos ele está sentindo tudo isso. Por outro lado, ele deve atarir a ação da Luz, a ação do Criador, de forma supervisionada e na medida correta, para ficar impressionado e sentir o que acontece com ele como resultado disso. Isto se chama estar na “linha média".

A própria pessoa controla a investigação que está realizando em si mesma, e atrai as ações do Criador. Ela revela dentro de si os resultados das ações do Criador, e as percebe de uma forma muito concreta, muito interna; porém, ao mesmo tempo, ela não perde a cabeça, e sabe de onde elas estão vindo, por que, e como usá-las no futuro. Este é o nosso trabalho. O Criador quer que trabalhemos com a matéria que Ele criou, e a controlemos. Esta é a maneira pela qual chegamos ao reconhecimento do propósito da criação.